Instituto Butantan lança livro "Serpentes Ilhoas"

Editoria: Vininha F. Carvalho 16/08/2005

A união da arte e da ciência poderá ser apreciada, a partir de setembro, com o lançamento do livro bilíngue (Português-Inglês) "Serpentes Ilhoas", da editora Magma Cultural, que destaca jararacas especiais, em duas ilhas do litoral de São Paulo, revelada por um grupo de pesquisadores do Instituto Butantan.

Também haverá uma exposição sobre os animais encontrados nas duas ilhas, importantes refúgios da vida silvestre da Mata Atlântica, que já ocupou 15% do território nacional e do qual restam apenas 7,3% de remanescentes.

"Serpentes Ilhoas" representa uma nova etapa do trabalho editorial, com a marca Butantan, diversas vezes presentes em obras científicas fundamentais na história da Biologia e da Biomedicina brasileira e mundial, que agora rende-se à arte, com uma linguagem não-científica.

O trabalho, desenvolvido pelo Instituto, é traduzido em belas páginas, onde as fotos convidam o leitor a um passeio pelas ilhas Queimada Grande,litoral sul, em frente ao município de Itanhaém, e Alcatrazes , litoral norte do Estado, em frente ao município de São Sebastião.

As ilhas representam laboratórios naturais, com muitos segredos ainda desconhecidos pela ciência. Por isso, a importância da preservação ambiental dessas ilhas, sob o ponto de vista da ciência e da bioprospecção. Hoje, elas constituem um dos maiores patrimônios naturais do Brasil e do planeta, sendo reconhecidas como Reservas da Biosfera, pela Unesco.

A presença de jararacas é o grande destaque terrestre das duas ilhas. Em Alcatrazes, os especialistas costumam encontrar entre duas e quatro jararacas-de-alcatrazes, em um só dia. Na Queimada Grande, chegam a deparar-se com 30 a 60 jararacas-ilhoas, por dia. Estima-se que existam cerca de duas mil serpentes na ilha, uma das maiores densidades de cobras que se conhece no planeta.

Além das jararacas, há uma nova espécie de rã, descrita recentemente, encontrada somente na ilha de Alcatrazes. As ilhas também são importantes refúgios de diversas espécies de aves.

Um dos principais objetivos do estudo é conhecer as propriedades do veneno das serpentes, incluindo a identificação dos genes responsáveis pela produção da peçonha de cada espécie.

O Butantan está testando a eficiência e as diferenças do veneno dessas espécies. Os venenos da jararaca-ilhoa e da jararaca-de-alcatrazes possuem características únicas e, portanto, representa grande potencial para ser explorado, em busca de novas toxinas - o que reforça ainda mais a preocupação dos pesquisadores em relação à conservação das espécies, ambas presentes em listas oficiais de animais ameaçados de extinção.

"As ilhas são verdadeiros laboratórios da natureza, e as serpentes carregam informações fundamentais para o conhecimento da Biologia evolutiva da espécie. Por meio do estudo do ambiente e dos ofídios, teremos informações sobre os caminhos que e evolução tem seguido e (quem sabe) para onde poderá seguir", afirmam Sávio Stefanini SantAnna e Wilson Fernandes, pesquisadores científicos do laboratório de Herpetologia do Instituto Butantan.

"A experiência acumulada há mais de um século no Butantan, na formação de pesquisadores e sua tradição, constituem um patrimônio intransferível, que colocamos a serviço de um público, cada vez maior, com Serpentes Ilhoas", comenta o diretor do Instituto Butantan, Otávio Azevedo Mercadante.

"Este projeto mostrou que todos nós, brasileiros, temos um amor oculto por cada metro quadrado de terra aqui existente, e que a cada dia esse amor vem aflorando e tomando proporções incontroláveis - o que demonstra a maturidade e a evolução a que nossa pátria está submetida", diz José Luiz Aranha Moura, presidente da Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) Ama Brasil.

O projeto tem o patrocínio do Banco Safra SA; Dori Alimentos SA; Reuters Serviços Econômicos Ltda.; Proquigel Química SA, e Acrinor Acrilonitrila do Nordeste SA.

Fonte: Assessoria de Imprensa Tiago Oliveira