Visto,Turismo e Reciprocidade

Editoria: Vininha F. Carvalho 14/07/2005

A vontade de conhecer novos produtos turísticos e sobretudo a de estimular os consumidores a fazê-lo faz parte da filosofia que deve nortear as políticas de turismo.O mundo conhece,no entanto,alguns comportamentos que reduzem tal estímulo ou seja se ressente de alguns mecanismos burocráticos,que alguns países criam,sob a bandeira de proteger seu território,sua soberania nacional e seus cidadãos ,para dificultar a entrada de estrangeiros.

Devemos confessar que o 11 de setembro foi a gota d’água ,que produziu mecanismos vexatórios,no momento da concessão do visto ou ainda no controle de entrada nos aeroportos,marcando entrevistas,fotografando e tirando impressões digitais,nem sempre com o devido preparo e gerando situações felinianas,quando,por exemplo,se iniciou a sua aplicação no Brasil,,por força da chamada Reciprocidade,com os norte-americanos,acarretando momentos constrangedores,que infelizmente acabaram em Carnaval...

A OMT-Organização Mundial do Turismo,agência especializada da ONU,vem sugerindo,desde a criação do Código de Ética Mundial do Turismo,que apresenta os principais direitos e deveres do turista,da população anfitriã e dos prestadores de serviços,formas de controle de sustentabilidade do turismo e sobretudo deixando claro que a circulação dos turistas,entre os diversos países,deve ser livre,sem necessidade de visto.

No caso do Brasil,entendo,que nem sempre nossas representações diplomáticas,no exterior,tem a sensibilidade e agilidade que deveriam possuir ,no momento da outorga do visto.Dependendo,por exemplo,da cidade onde o turista vive nos EUA,pode demorar três semanas,Em sã consciência,por mais planejada que uma viagem seja ,é difícil que alguém possa entender tal demora,com horários extremamente rígidos e reduzidos,para atendimento dos visitantes potenciais.

Devemos buscar soluções compatíveis com os institutos de direito internacional,para tentarmos de alguma forma ,reduzir os impactos negativos,que a obrigatoriedade do visto traz.Não concordamos ,de maneira alguma,com a isenção de visto,apenas para um mercado emissor.Já que o trade turístico está se mobilizando para um aumento de turistas,com a retirada do visto,vamos listar os principais países que enviam turistas para o Brasil e isentá-los,pelo menos da concessão do visto na origem.

Tal concessão pode ser feita na entrada do país,como ocorre na África do Sul ou na Tailândia,com a colocação de um selo adesivo,no passaporte,preservando a soberania nacional.É necessário taqmbém nos lembrar que a cobrança de visto garante,muitas vezes ,uma fonte de sobrevivência para certas embaixadas e consulados.

O Brasil e o mundo globalizado precisam analisar as tendências dos fluxos turísticos e se reposicionar no mercado das relações internacionais.


Autoria: Bayard Boiteux - diretor do Curso de Turismo da UniverCidade e representante do Ciret,no Brasil e Maurício Werner é presidente da Consultoria em Turismo Planet Work.

Fonte: Bayard Boiteux